Metodologia empírica: estudo de caso

O estudo de caso é um método de pesquisa recomendado para investigações que exigem uma análise aprofundada de processos dinâmicos. Sua aplicação é indicada sempre que o objeto de estudo envolver diversas variáveis e categorias que necessitam de um método integrado e rigoroso.

Esse instrumento para coleta de dados apresenta uma compreensão mais fiel e ajustada à realidade, pois abre espaço para a investigação de aspectos que poderiam ser negligenciados em procedimentos metodológicos mais simplificados.

O estudo de caso é capaz de revelar relações e padrões intrínsecos dentro de contextos específicos, e desta maneira, se torna um recurso chave para pesquisas com maior grau de complexidade (Yin, 2014).

A aplicabilidade do estudo de caso é proficiente na maioria das áreas do conhecimento acadêmico e científico: Administração; Antropologia; Artes; Biomedicina; Ciência Política; Comunicação; Direito; Economia; Educação Física; Ecologia; Engenharia; Enfermagem; Filosofia; Fisiologia; Fisioterapia; Farmácia; Genética; Gestão de Pessoas; Gestão Pública; História; Línguas; Literatura; Medicina; Medicina Veterinária; Nutrição; Odontologia; Psicologia; Psicanálise; Sociologia; Serviço Social; Tecnologia; Teologia; entre outras.

Gerring (2019) afirma que a flexibilidade do estudo de caso o torna uma estratégia para a observação, análise e investigação de dinâmicas observadas sob diferentes perspectivas – circunstâncias clínicas, educacionais, tecnológicas, experimentais, administrativas, jurídicas, econômicas, socioculturais e ambientais. Portanto, se configura como um recurso metodológico decisivo para a compreensão de processos e relações em diversas áreas.

O estudo de caso é um instrumento para coleta de dados que possibilita a obtenção informações com profundidade sobre um fenômeno específico dentro de seu contexto real (Rosa et al., 2023).

A aplicação do estudo de caso […] precisa ser coerente com os objetivos da pesquisa e articulado com o objeto sob investigação. Nesse sentido, é importante avaliar o método ao longo do desenvolvimento da pesquisa, visando mostrar sua adequação e efetividade. A natureza do fenômeno estudado – e a própria abordagem de pesquisa – podem indicar a necessidade de se adequar os passos de execução do estudo de caso, visto que etapas como a coleta de dados, por exemplo, podem requerer procedimentos não previstos, que busquem desvendar aspectos subjetivos, subjacentes ao caso em análise, por exemplo (Rosa et al., 2023, p. 6).

O estudo de caso pode ser aplicado em, praticamente, as áreas, pois concede uma investigação de várias condições e ambientes – empresas, órgãos públicos, organizações sem fins lucrativos, comunidades, entre outros.

Segue abaixo as principais características do estudo de caso:

1. Delimitação clara e objetiva sobre as condições e o ambiente analisado
1.1. Definição de um ambiente – e suas respectivas condições – para desenvolver o estudo de caso: empresa; escola; ONG; comunidade; órgão público; etc.

2. Escolha justificada do caso
2.1. Argumentações sobre a pertinência do caso escolhido pelo pesquisador, cuja relevância deve ter coerência com o tema e a linha de pesquisa. A palavra-chave aqui é “contexto”, portanto, antes de avançar em sua pesquisa, reflita:
2.1.1. “O caso selecionado está alinhado ao contexto da minha linha de pesquisa?”;
2.1.2. “O estudo de caso escolhido faz sentido dentro do escopo da minha investigação?”;
2.1.3. “O caso selecionado é relevante e adequado ao tema da minha pesquisa?””;
2.2. Estes questionamentos são essenciais na etapa de planejamento da sua pesquisa, pois certificarão a coerência entre o objeto de estudo e os objetivos da pesquisa. Crie um bom planejamento para mitigar desvios metodológicos e avalizar a relevância dos resultados obtidos.

3. Coleta de dados por meio de métodos integrados: entrevistas, observações, documentos, relatórios, entre outros.
3.1. Análise contextualizada: considera os aspectos sociais, culturais e institucionais do ambiente estudado;
3.2. Ênfase na profundidade analítica: privilegia a análise detalhada do objeto de estudo, e prioriza a compreensão minuciosa ao invés de generalizações subjetivas;
3.3. Possibiliade para formulação de hipóteses e construção teórica: propicia o desenvolvimento de novas proposições e fundamentos conceituais aplicáveis a pesquisas futuras ou comparativas;
3.4. Exigência de rigor documental: demanda registros organizados e precisos sobre o processo de coleta e análise, o que certifica transparência e confiabilidade científica para a pesquisa.

4. Análise qualitativa e/ou quantitativa dos dados
4.1. A análise dos dados é uma etapa essencial para transformar as informações coletadas durante o estudo de caso em resultados que permitam responder às questões de pesquisa;
4.2. Dependendo da natureza dos dados e dos objetivos da pesquisa, essa análise pode ser qualitativa, quantitativa ou até mesmo uma combinação de ambas (pesquisa mista);
4.3. A escolha entre as abordagens qualitativa e quantitativa depende do tipo de dados que foram coletados, bem como da profundidade e do tipo de informação que se deseja extrair.

5. Discussão aprofundada sobre os achados e sua relação com o referencial teórico
5.1. O estudo de caso viabiliza uma análise profunda e contextualizada de aspectos particulares de pesquisas acadêmicas e estudos científicos, especialmente em dissertação de mestrado, tese de doutorado, artigo científico e livro;
5.2. Com um levantamento elaborado sobre um contexto real, o estudo de caso disponibiliza a oportunidade de confrontar as evidências empíricas com o referencial teórico, e sustenta uma interpretação crítica e substancial sobre os achados.

6. Apresentação de resultados práticos e contextualizados
6.1. Em um estudo de caso, a exposição de evidências tangíveis e empiricamente fundamentadas possibilita a aplicação concreta das teorias investigadas;
6.2. Esta apresentação demonstra como a aplicabilidade das soluções, ou intervenções propostas, se comportam nas condições reais do ambiente analisado.

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Referências

GERRING, John. Pesquisa de estudo de caso: princípios e práticas. Editora Vozes, 2019. 360 p. ISBN-10: 8532660894. ISBN-13: 978-8532660893.

ROSA, Patricia Rodrigues da; SCHARDOSIN, Fernando Zatt; ALPERSTEDT, Graziela Dias; FEUERSCHÜTTE, Simone Ghisi. Estudo de caso e pesquisa-ação: semelhanças e distinções entre os métodos. Revista de Ciências da Administração, [s.l.], v. 25, n. 65, p. 1–17, 2023. ISSNe: 2175-8077. ISSN: 1516-3865. DOI: 10.5007/2175-8077.2023.e80766.

YIN, Robert K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 5. ed. Bookman, 2014. 320 p. ISBN-10: 8582602316. ISBN-13: 978-8582602317.

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